Autora: Marina Machado
Editora: Novo Século
Julyana Barocci tem 35 anos, é bem sucedida e está satisfeita com a parte profissional de sua vida. Trabalha em uma editora há alguns anos, escreve para uma revista feminina e ama escrever. Mas está insatisfeita com sua vida pessoal, principalmente no quesito relacionamentos.
Ela nunca conheceu o pai biológico, cresceu com esse desejo e aos 35 anos seu pai aparece trazendo uma série de informações que ela desconhecia, acarretando até na descoberta de que foi afastada de um namorado da adolescência, que nunca ficou completamente esquecido. Julyana então resolve ir atrás de respostas e tentar entender melhor sua própria vida.
"- Exuberante! É o adjetivo que eu utilizaria para você, hoje.- Interessante! É o adjetivo que eu nomino para você."
Essa resenha vai ser difícil pra mim porque esse livro me irritou demais. A personagem principal é uma mulher de 35 anos que tem atitudes bem infantis, e não vi crescimento durante a história. Os outros personagens da história também agem da mesma maneira e a impressão que tive é que estava lendo a mesma pessoa de novo e de novo.
O pai dela aparece de uma maneira bem inusitada e revela coisas que ela nunca soube, o que a leva a confrontar a mãe e descobrir mais informações sobre seu passado. Metade do livro eu estava rindo dos absurdos, mas a segunda metade me irritou e me preocupou bastante.
"O sonho de toda mulher é pegar o celular do namorado, mas, com certeza, é uma invasão de privacidade - deliciosamente desejada." (Não, não é)
Julyana expressa uma porção de preconceitos e achismos em relação a mulheres e saúde mental que já são perpetuados há muito tempo na sociedade, e que deveriam ser extintos. Ela julga situações e pessoas da pior maneira possível, não sabe se expressar e nem ouvir a outra pessoa e não cresce em nada quando descobre algo por trás do que pensa.
"É impressionante como os homens falam educadamente de coisas que não são simples. 'Um pouco instável', decerto era doida e desequilibrada, com um transtorno obsessivo compulsivo preocupante."
O estigma de doenças mentais já é enorme na nossa sociedade, o que atrapalha o acolhimento e a busca de tratamento por quem precisa. O que menos esperava era me deparar com isso em um livro que é vendido como um romance intenso e divertido. Seria diferente se a autora utilizasse dessas ideias pré-concebidas para fazer a personagem repensar e aprender com elas.
O enredo é bem fraco, as situações beiram o absurdo e não há conclusão para várias questões colocadas no livro. Gostaria de ver uma personagem que absorvesse sua história e amadurecesse com ela. Não senti evolução alguma e me senti muito incomodada. Infelizmente não consegui aproveitar o livro.
Boa leitura.