ESPECIAL: Mães e livros


Minha mãe e eu (1990)

   Essa semana vamos ficar sem resenha. Talvez eu poste algo durante a semana, mas nada prometido :)

   Hoje eu quero falar de uma questão muito importante. Os blogs e leitores de forma geral debatem muito o problema atual da falta de leitura. As gerações atuais leem cada vez menos, entretidos na internet, televisão. E isso se reflete muito na falta de interpretação de texto, problemas nos estudos, dificuldade na hora de escrever na forma culta, falta de criatividade e imaginação, e o mais importante, na falta de capacidade de analisar criticamente o mundo.

   Falando de mim, tive muito apoio para ler enquanto crescia. Meu pai e minha mãe são pessoas que gostam muito de ler (ele mais leitura de lazer, ela mais leitura técnica), e em casa tínhamos revistas da Turma da Mônica em vários cantos da casa (inclusive em uma gaveta no banheiro :p ). Eu me lembro de quando pequena ter dois livros específicos: um de pano e um inflável, com figurinhas de um menininho, falando de higiene, e eu adorava "ler" toda hora.

   Minha mãe me ensinou as letras antes mesmo de que eu começasse a ir para o jardim de infância, e entrei no Jardim I já sabendo identificar o meu nome e as letras do alfabeto. Conforme fui crescendo, estava cercada de revistas em quadrinhos (não só da Turma da Mônica, mas também do Groo, Asterix, entre outros) e vários livros, inclusive li uma adaptação juvenil de Romeu e Julieta com uns 7 anos, e um livro que me marcou muito foi esse:

(Longe é um lugar que não existe - Richard Bach)

É um livro pequeno, com muitas figuras e aproximadamente uma frase por página, mas é maravilhoso. Traz questionamentos existenciais e ensinamentos bastante complexos.

   Depois que meus pais se separaram, comecei a frequentar as bibliotecas dos colégios, e conheci os clássicos, e vários juvenis como Pedro Bandeira, Ana Maria Machado, alguns do Walcyr Carrasco, e sempre me diverti e viajei com eles. Apesar da preocupação de que eu não interagisse muito com o mundo real, minha mãe sempre apoiou esse vício, inclusive sustentando várias revistas que eu comecei a ter interesse (História Viva, Scientific American, Superinteressante) e cheguei até a ler alguns livros dela de Medicina :p

    Fiquei muito triste quando há umas duas semanas, na Livraria Travessa do Barra Shopping, eu estava saindo da loja e passou uma pequena família por mim, um menino de uns 10 anos, mãe e pai. O menino travou mais ou menos o seguinte diálogo com a mãe:
- Mãe, será que tem Harry Potter aqui?
- Ah filho, deve ter, mas é muito grande pra você.
   Mães, não façam isso com seus filhos. Não digam que é um livro muito grande. Se for um livro inapropriado para a idade dele (o que Harry Potter não é, nesse caso), diga que é um livro para adultos, e que ele poderá ler quando for maior (o que minha mãe falou para mim quando tentei por ler, por exemplo, Lolita). Incentivem a leitura. Deixem que seus filhos descubram o gênero de leitura que eles gostam, se eles gostam de ler. Alimentem não só seus sonhos, mas também todo um hábito que faz o ser humano crescer muito.

    Gostaria de deixar aqui o meu eterno agradecimento à minha mãe por me ajudar nesse caminho como leitora, e por ser uma pessoa que está sempre atrás de conhecimento. Deixo meu apelo para que as mães (tanto as que já são, como as futuras) apoiem e ajudem seus filhos na transição entre bebê e leitor. Levem as crianças às livrarias e deixem que elas se encantem, não transformem a leitura num dever de estudo ou minimizem-na como perda de tempo. Grande parte do amadurecimento e cidadania de uma pessoa se constrói do conhecimento pessoal, de dentro, e a leitura ajuda muito nesse processo, quando bem aproveitada.

   Feliz dia das mães e um grande beijo para a minha <3
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