Vidas Trocadas

"Eu a perdi, e ela nem mesmo era minha.
As palavras despencam desajeitadamente numa dança, frias, pesadas e duras.
Ela nem mesmo era minha mãe para que eu a perdesse."


Autora: Katie Dale
Editora: Benvirá

   Rosie perde sua mãe para uma doença degenerativa que atinge o sistema nervoso: a doença de Huntington. Além de um longo período doloroso ela ainda sofre por outro motivo: a possibilidade de morrer da mesma maneira. Por ser um mal genético, Rosie tem 50% de chance de ser portadora da doença. Ela então conta à Tia Sarah, uma vizinha que as acompanhou desde sempre, que queria fazer o exame para descobrir.

   E mais uma vez, sua vida muda. Ela descobre não ser filha biológica de Trudie, a mulher que a criou e amou desde sempre. Dividida entre raiva e confusão, ela parte em busca da verdade e suas raízes, e acaba encontrando mais do que o que foi procurar.

   Fiquei encantada com a capa desse livro na primeira vez que o vi, e acabei não resistindo. Quando peguei nele e li a sinopse, ele acabou de me conquistar. Dei sorte de estar em promoção na loja online e comprei. E não me arrependo. Desde que o livro chegou, essa semana, fiquei dividida entre continuar a leitura de Saco de Ossos ou lê-lo. Tentei até escondê-lo no fundo do armário, tirar de vista. Juro, não adiantou.

   Hoje finalmente eu sucumbi à leitura, e confesso, não consegui parar. A história me fisgou, pelo enredo, pelos personagens, pela escrita. Não é só mais um caso de troca de bebês, é muito mais. Temos todo o drama sobre uma doença que não é conhecida, eu pelo menos nunca tinha ouvido falar dela. E mesmo assim, é uma doença perigosa, dolorosa. Muitas pessoas passam por ela sem saber pelo que estão passando, sendo discriminadas e repelidas pela sociedade e pela família, abandonadas em uma azar genético. Mas vemos Trudie, uma mulher forte, amorosa, que lutou o quanto pode e teve o apoio que muitos não tem.

   Por outro lado temos a história de Rosie, uma menina que perde a mãe cedo, e logo após o resto do mundo que ela achava certo, desmorona. E uma coisa que sempre me deixou curiosa, até que ponto somos resultado do que somos geneticamente? Como podemos afirmar que não sabemos quem somos só porque não sabemos de quem nascemos? E Rosie passa do medo do futuro para o medo do que ela desconhece, para um sentimento de não pertencer a vida que viveu.

   Conhecemos outros personagens de sua vida e as pessoas que ela encontra em sua jornada, e são pessoas muito interessantes. A autora consegue criar personagens que não gostamos, mas não conseguimos deixar passar, e personagens à quem nos afeiçoamos, e isso faz toda a diferença no livro. Ele traz muitas emoções, muitas reflexões, e acima de tudo, uma lição que pode ser útil para pessoas que se sentem perdidas de um modo geral na vida, não só aquelas que consideram não saber quem são.

Boa leitura!

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