A Lista Negra

"A lista foi ideia minha.
Não queria que ninguém morresse.
Não queria ser uma heroína.
Será que, algum dia, você vai me perdoar?" 


Autora: Jennifer Brown
Editora: Gutenberg

   O livro conta a história de Val, uma estudante no Ensino Médio que, apesar de ter seu grupo de amigos e um namorado, não é popular e sofre bullying, criando uma lista com o nome das pessoas que a maltratavam para aliviar a frustração. Essa lista foi compartilhada com seu namorado Nick, que um dia entrou no colégio com uma arma e começou a atirar nas pessoas que estavam nela. Pega de surpresa, Val tenta interromper o tiroteio e acaba levando um tiro, salvando a vida de uma das meninas que fazia bullying com ela. Entretanto, a lista e vários emails trocados entre eles levam a crer que Val seria culpada e saberia do atentado, e as coisas complicam para ela.

   A personagem principal é muito cativante. É uma menina excluída pela maioria no colégio, com problemas em casa, e que acha um abrigo seguro em seu namorado, que um dia some da pior maneira possível, deixando para ela um rastro de consequências inesperadas.

   O livro debate vários assuntos ligados ao bullying e a forma como as pessoas lidam com ele. Os valentões, as vítimas, os adultos. Infelizmente o bullying é uma realidade que precisa ser combatida e finalizada. Com profundos questionamentos pessoais, sobre ser uma boa pessoa ou não, sobre ser responsável ou não, Val mostra para o leitor duas realidades: a de sofrer bullying e não ser resgatado por adultos que deveriam perceber essa situação e a de como é errada a atitude dos dois lados dessa questão, do bully e da vítima.

   Por outro lado eu percebi um outro questionamento subliminar no livro. O valentão é somente mau? Que propósitos ele tem a praticar essa ação de covardia com a vítima? E o que leva a vítima a não reagir corretamente, vindo a explodir posteriormente?

   Acredito que essas explosões como tiroteios de colégio sejam um reflexo não só do bullying, mas piorado por ele. Temos claramente esse exemplo no livro. Nick e Val sofrem bullying, mas somente Nick estoura dessa maneira. Por mais que Val comente o assunto teoricamente, ela fica surpresa ao ver a ação do namorado e sua reação é terminar com isso o mais rápido possível. Encontrei vários questionamentos quanto ao papéis dos pais também, a falta de atenção, as reações exageradas quando o pior acontece, o não saber lidar quando já é tarde demais.

   Houve momentos no livro para raiva, para o choro e para a reflexão. Muitas pessoas sofrem bullying, preconceito, ofensas, e é o modo como lidam com isso que muda tudo. E percebo principalmente a falta de uma coisa muito importante: a comunicação. O que uma conversa pode mudar? Existem casos que não muda nada, mas acredito que mudaria muita coisa na maioria das vezes.

   Toda a questão do bullying é complicada, porque como a questão de violência de pais com filhos, é uma coisa que acontece muito e sempre aconteceu, mas que somente começa a ser feita alguma coisa recentemente, e mesmo assim com muita resistência. Quantos pais não banalizam essa ação nos colégios, lidando com brigas e maldades nas escolas como se fossem apenas crianças sendo crianças, ou pior ainda, orgulhosos de seus filhos serem fortes e achando certo suas atitudes, ou brigando com as vítimas, chegando até a bater em seus filhos por eles não revidarem?

    Recomendo muito a leitura, e deixo aqui um apelo aos pais, amigos, responsáveis: Prestem atenção aos seus filhos, respeitem as pessoas a sua volta. E principalmente, conversem. Tirem dúvidas antes de mudar o humor, de explodir. Não sintam-se ofendidos por algo que pode ser um mau entendido.

Um adendo, conheci esse livro pelo canal Cabine Literária, no Youtube. e recomendo que acompanhem, o Gabriel e o Danilo são super animados e fazem ótimas resenhas =)



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